sábado, 5 de dezembro de 2009

"E sua mãe também" por Camila Nascimento Martins


Um olhar maduro sobre jovens de idades diferentes. O filme de Alfonso Cuarón, “Y tu mama también” (2001) é um road movie que acompanha o amadurecimento dos personagens e do seu roteiro. A primeira vista parece uma trama adolescente sem maiores preocupações mas a medida que a viagem vai se tornando mais longa, os três personagens vão crescendo e o drama aflorando.

Julio e Tenoch são dois amigos adolescentes que convidam Luisa, uma jovem adulta, para uma viagem à praia. O tom da narrativa até certo ponto é de pura brincadeira juvenil. Eles conversam sobre sexo durante a viagem e vão ficando cada vez mais íntimos, amigos. A leveza destes momentos da estrada é quebrada, no entanto por um olhar para as margens das rodovias. Eles estão viajando por um México pobre e o filme registra o que está no acostamento daquelas vias. Pontuando os habitantes e os acontecimentos da beira da estrada, o filme parece querer metaforizar o que há de inato nos homens e nas relações humanas. Há uma intenção política neste registro, sem dúvida, mas há também uma metáfora para o que é inerente aos seres humanos de uma forma geral. Luisa precisa daqueles rapazes naquele momento da mesma forma que eles precisam dela; as pessoas se precisam, isto é o que há de estático (inerente, inato) nesta dinâmica que é a estrada da vida.

O envolvimento entre rapazes e a moça é inevitável. Ela está sofrendo pela traição da qual foi vítima e seduz um e depois o outro. Isto os deixa enciumados e capazes de se ferir mutuamente confessando que um já havia feito sexo com a namorada do outro. Estabelece-se o conflito e Luisa ameaça deixá-los. Ela desencadeia e resolve a situação.

Neste ponto o drama está mais maduro. Regado a muito álcool o envolvimento dos três personagens chega ao clímax. Eles fazem sexo a três. Uma experiência decisiva na vida dos dois adolescentes. Eles não estavam preparados para tamanha entrega. Luisa apesar de mais velha parece carregar a inconseqüência da juventude, e uma falta de limites entre a liberdade e a libertinagem está estranhamente presente nela. Isto nos é justificado somente no final quando sabemos que ela estava doente e sabia que ia morrer.

Aos rapazes, sobrou-lhes a lembrança de uma experiência vivida e o final de uma amizade. O filme começa alegre e jovem e termina com o pesar da maturidade. Assim mesmo como a vida.

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