terça-feira, 29 de setembro de 2009

"A mulher de todos" por Alan Tonello Borba


Helena Ignez e Rogério Sganzerla


Indo contra a imagem da boa moça do final da década de 60, Ângela Carne e Osso foi o símbolo da revolução, da contracultura, do pop, e continua sendo até hoje. Interpretada por Helena Ignez, que foi considerada a musa do cinema marginal brasileiro, A Mulher de Todos, Ângela Carne e Osso, não temia nada e ninguém, fazendo o que lhe desse em sua cabeça e com o homem que quisesse – de preferência numa casa aconchegante na Ilha dos Prazeres, local onde ela sentia-se mais à vontade do que nunca, esculachando com a cultura conservadora e sem poupar irreverência.

Sempre com um cigarro ou charuto à disposição, Ângela, que era casada com um bem-sucedido empresário de quadrinhos, tinha vários amantes e aproveitava a vida da forma com que achasse melhor, sem pudor algum, quebrando uma imagem da mocinha de família, forma como a mulher era tratada na maioria dos filmes precedentes ao cinema marginal. O filme faz uso da ironia e cita diversos elementos da cultura pop, homenageando também o movimento da chanchada e os filmes pastelão.

Inovando com um estilo único de atuar – à sua época –, debochado, violento e extravagante, Helena Ignez elevou uma das maiores características do cinema marginal: o enfoque dado ao personagem. Algumas semelhanças entre este movimento e o do Cinema Novo podem ser encontradas, mas se destacam, neste filme de Sganzerla, as imagens constantemente agitadas e estrondosas, seus temas que confrontavam a censura, o experimentalismo e a ruptura da narrativa linear.

“A mulher dos homens boçais”, como se definia Ângela Carne e Osso, foi o símbolo do poder feminino que aumentava cada vez mais na década de 70 e podemos hoje, sem nenhum problema, achar algumas dessas Ângelas por aí, admitindo o caráter vanguardista que possuiu esta obra de Rogério Sganzerla, pela qual “nosso amor aumenta de 15 em 15 minutos”...

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