sábado, 29 de maio de 2010
"Memórias do subdesenvolvimento" por Thiago Pereira Francisco
O filme de Alea declara a vivência solitária de um integrante da elite cubana, cujo observa de perto a partida do país, em grande escala, daqueles que eram seus próximos, tanto parentes como amigos. O regime declarado por Fidel Castro era por demais oposto às condições das elites nacionais.
O diretor retrata a capital Havana mais triste, distante do cotidiano de festas e requinte de outrora, muitas vezes, essa condição é acompanhada pelo silêncio das personagens e de pessoas da época, numa forma, talvez, de dar mais ênfase ao retrato de suas expressões. Em contrapartida, põe logo no início uma comemoração popular caracterizada por uma explosão de dança e música.
O caráter político do filme – da instalação de um novo regime e crise da antiga vida burguesa – é acompanhado pela vida privada do protagonista (Sérgio). Uma vida solitária na maior parte do tempo, cuja condição é temporariamente quebrada pelo relacionamento com uma jovem. É um filme que consegue concatenar as histórias de dentro e de fora, o privado e o público.
Sérgio é uma personagem que representa um intelectual que escolhe não fugir do país, assim passa a sentir as mudanças que diariamente acontecem na nação. Ele tem uma visão crítica da própria classe, mas não comunga das novas condicionantes políticas que vão de encontro a ela. Além disso, seus interesses de consumo são bem distintos da maioria dos habitantes de Cuba. Em suma, é alguém que está em na ilha, mas não a pertence e que, paulatinamente, apenas sobrevive.
O diretor usa vários recursos como fazer o personagem principal olhar com o telescópio de seu apartamento o novo país que bate à porta. A saída e volta de coadjuvantes não exige necessariamente que se explique tudo o que aconteceu nas suas ausências. Outra coisa é que destaca as memórias do protagonista como o choque de uma Cuba que se foi e de sua dificuldade de manter hábitos anteriores nas novas condicionantes. Além disso, Utiliza várias cenas e reais da época e noticiais para integrar a realidade que aos poucos traga o personagem a ponto dele se entregar a uma rotina vazia e viver do passado. A realidade simplesmente continua enquanto ele desaparece.
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