
Coitado de Jaibo! Lutou incessantemente pela condição absurda que esmaga não só as crianças pobres das grandes cidades, mas a todos os indivíduos que suportam o peso da humanidade. Sua coragem ilimitada para transcender se perde pela sua falta de pontos de apoio. Como é rápida a transformação de um grande homem em um cruel sociopata.
Pobre de Pedro! Que a vida fez de uma pessoa boa uma pessoa má. Sua confusão e ingenuidade jogou-o direto em um redemoinho sangrento. No reformatório, uma esperança, mas para quem já se sujou sempre é possível ir mais fundo na lama, sem culpa, sem consciência, levado pela força avassaladora do passado. De onde vem a coragem de lutar com Jaibo, duas vezes maior e mais forte?
Mais pena ainda do homem cego! Mais fraco que todos nós, cuja vida desde a nascença obrigou-o a falsa bondade e um quarto escuro escondido nas ruínas e lá dentro busca uma criança ingênua para lavar-lhe o corpo e putrificar-lhe a alma.
Misericórdia de todos nós! Isolados por paredes de concreto e rios caudalosos de automóveis. Sorrindo e se abraçando nos espaços públicos, brindando para esquecer o medo do nada que sentimos dentro dos apartamentos de dentro.
Mas jamais pena de si próprio! Caso contrario todos esses sentimentos terão sido em vão. Lutar como Jaibo, ter a coragem de Pedro e a frieza do homem cego. Fazer o bem e o mal. Quem é quem?
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