sexta-feira, 25 de junho de 2010
"O Cachorro", por Luizy Silva
El Perro é um filme do cineasta argentino Carlos Sorín (Histórias Mínimas, A Janela), filmado na Patagônia em meados dos anos 2000. A narrativa traz a história de Juan Villegas, um senhor de 56 anos, que se vê desempregado, após 20 anos trabalhando como mecânico num posto de gasolina. Ele mora de favor na pequena casa da filha, enquanto tenta arrumar outro emprego. O pano de fundo é a crise econômica argentina, que afetou todo o país. A chegada de Bombón de Le Chien, um Dogue Argentino, traz para Villegas a possibilidade de esperar por algo e não apenas viver mais um dia.
Villegas, assim como outros atores do filme de Sorín, não é ator profissional, mas passa muita verdade na sua interpretação. Ele expressa a melancolia do filme com o seu olhar. Villegas é um personagem real. Ele poderia ser um vizinho ou um amigo nosso. Em tempos de forte desemprego e crise econômica, ele faz de tudo para ‘ se virar’. Artesão, confecciona cabos de facas e tenta vendê-las em todos os lugares por onde passa; na fábrica, e até numa agência de empregos.
Tudo começa a mudar para Villegas quando ele encontra uma mulher na estrada e a ajuda a consertar o seu carro. Como pagamento ele recebe um Dogue Argentino, chamado Bombón de Le Chien. É a partir da chegada de Le Chien que a vida de Villegas toma novos rumos. O cachorro abre caminho para que seu dono viva outras situações, conheça novas pessoas. Passam na sua vida, o dono da fazenda (o primeiro a lhe oferecer um emprego temporário), o gerente do banco (que percebe o potencial do cão e indica um treinador para colocá-lo em circuitos e exposições), o treinador (Walter Donado, que com seu trabalho com Le Chien proporciona momentos de alegria e esperança à Villegas), e a cantora Susana, uma mulher solitária, que constrói uma relação afetuosa com ele.
É um filme de uma história simples e bela, mas não comum. Pega o mote da amizade, tão usado, mas o mostra de uma forma sensível e sutil. A trilha sonora, composta por Nicolas Sorín, filho do diretor, peca pelo excesso de dramaticidade, imprimindo um tom melodramático ao filme de belas imagens e paisagens desconhecidas. A escolha da Patagônia para as filmagens, segundo Sorín, se deu pelo fascínio que ele tem pelo lugar, desde criança, e por acreditar no seu caráter místico.
Esse não é o primeiro filme de Sorín que apresenta cachorros. Em Histórias Mínimas (2002), o diretor também fez uso do animal. Na narrativa, Don Justo tenta reencontrar seu cachorro que está perdido. Em El Perro, ele afirma: “ na Argentina, devido à crise econômica, muitas vezes você não tem direito a uma segunda chance, mas Le Chien traz essa segunda chance”.
El Perro recebeu 7 indicações ao Condor de Prata (o Oscar argentino), inclusive nas categorias de Melhor Filme e Direção, e foi premiado no Festival de San Sebastian, na Espanha.
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