domingo, 30 de outubro de 2011
Memórias do subdesenvolvimento, por Daíla Rodrigues
Memórias do Subdesenvolvimento foi produzido por Tomáz Gutiérrez Alea, no ano de 1968, em Cuba. E apresenta traços do movimento cinematográfico neo-realista italiano, assim como a nouvelle vague – movimento do cinema francês, pós-Segunda Guerra Mundial, que desobedece à linearidade da narrativa. É baseado no romance homônimo do escritor Edmundo Desnoes, que assina com Alea o roteiro do filme.
A história se passa na Cuba pós-revolução e mescla cenas de ficção e realidade, contando a história de um homem adulto, chamado Sérgio, burguês de classe média alta, que vê seus amigos e família fugirem da ilha, rumo aos Estados Unidos, devido à reforma socialista. Ele opta por permanecer no local, não por ser um revolucionário ou um anti-revolucionário, e sim para ver qual será o rumo de seu país.
O diretor alterna bastante entre passado e presente, fantasia e cenas factuais. Apresenta as transformações sociais de forma dinâmica e bastante realista, de modo a suscitar no espectador a reflexão, o espírito questionador sobre a revolução e suas consequências no cotidiano dos moradores da ilha. As mulheres são, no filme, tratadas de forma agressiva, como seres apolíticos, incivilizados, que devem ser “domesticadas”. Denotando uma narrativa machista, apesar de rica quanto a aspectos sociais que fervilhavam na Cuba do período.
Por estes aspectos inovadores e provocadores, Memórias do Subdesenvolvimento é consagrado como uma das melhores produções da filmografia latino-americana, sendo ainda motivo de amplos debates e discussões filosóficas, antropológicas, históricas etc.
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