domingo, 30 de outubro de 2011

"Menino do Rio", por Jéssica Fantini


Quem diria que Antonio Calmón, diretor de novelas como Vamp e o beijo do vampiro foi sucesso em 1982 com um trabalho como Menino do Rio. O filme que não contém uma grande qualidade técnica, uma fotografia inesquecível e nem atuações brilhantes, se valida por retratar um modo de vida nada semelhante ao da geração tecnológica de hoje. Todo o cenário carioca e o estilo de ser sossegado mostrado em “Menino do Rio” fez tanto sucesso de bilheteria que o longa-metragem teve uma continuação em 1984, o filme “Garota dourada”.

O estilo de vida desejado pelos jovens dos anos 80 é completamente oposto ao universo de agitação que busca a juventude atual. Como diz na música de Lulu Santos “De repente, Califórnia”, cantada diversas vezes durante o filme, o sonho é ter tranquilidade, viver uma vida sossegada e ter paz de espírito. Seguindo um trecho da música de Lulu Santos, que serve como hino para o filme, os jovens buscam “viver a vida sobre as ondas”, sem estresse, e a conclusão é que a vida é simples e não precisa de muito para ser feliz.

O filme é tão voltado para a questão de viver cada momento que os problemas pessoais ficam em segundo plano. Por exemplo, o casal do grupo que é jovem e já tem um filho, o menino que é órfão e não tem onde ficar, e até valente, o protagonista, passa por uma situação difícil ao se apaixonar por Patrícia, uma mulher que já se envolveu com seu pai. Apesar de tudo, o clima do filme é sempre positivo e tudo se resolve surfando e estando com os amigos. Até a morte prematura de um deles no fim parece algo mágico e não tem um tom de tragédia muito acentuado.

As inspirações de Calmón estão no nome do filme, que veio da música de Caetano, e dos filmes americanos que foram exemplos para a temática. Outro ponto que vale salientar é a belíssima filmagem do cenário do Rio de Janeiro, somada a toda beleza que já é natural da trama. Por todo o destaque que teve na época, o longa vai ser refilmado em 2012, por Cláudio Botelho e Charles Möeller, com um estilo mais musical.

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