domingo, 30 de outubro de 2011

"Soy Cuba", por Jonathan Wolpert


O filme do diretor Mikhail Kalatozov nos mostra uma visão estrangeira do ser latino-americano, deixando claro toda a situação estética “da fome” (anteriormente citada por Glauber Rocha em “Eztetyka da Fome”) e pobreza, mostrando a prostituição e violência de um momento específico em Cuba. Parcialmente escrito pelo renomado poeta soviético Yevgeny Yevtushenko antes do país se tornar uma sociedade pós-revolucionária, o filme não foi um sucesso de bilheterias, mas sem dúvidas é um exemplo em termos de fotografia, pois foi filmado quase todo em grande-angular e sendo usado um filtro infravermelho. As cenas em grande-angular trazem certa dramaticidade para a história, mostrando a decadência do povo latino-americano.

A câmera nos dá a sensação de deslocamento na primeira parte do filme, que fala sobre a prostituição das mulheres cubanas. Depois nos deparamos com um cenário familiar, canas de açúcar, nos trazendo à tona diversos problemas familiares e de sobrevivência, em que claramente a conhecida “estética da fome” é usada. O aparente prazer de mostrar a pobreza (mesmo que nesse caso seja mostrada por estrangeiros) valida completamente as afirmações de Glauber Rocha quanto à constante afirmação do ser latino-americano ser, gostar de ser e se mostrar pobre e miserável.

No terceiro momento, vemos estudantes lutando contra a opressão policial e um governo corrupto. O filme tem um toque soviético, mas não acho que isso deixa de mostrar o lado latino-americano que deveria ser mostrado (levando em conta que a estética da fome seja algo positivo para o ser latino-americano). Os planos-sequencia causam exatamente o impacto planejado, com a sua cena de abertura maravilhosa, em que uma câmera transita pela decadência “escondida” da elite, nos levando até um submundo da prostituição.

Fazendo uma relação direta com o texto de Glauber Rocha, podemos analisar que todas as suas afirmações as validam após o filme Soy Cuba ser assistido. Desde a prostituição, a miséria recorrente e a falta de força do povo latino-americano (que gosta de mostrar esses fatores negativos) podemos notar que falta uma inovação, o que não tira o mérito de Soy Cuba como um grande filme da história latino-americana e também da história das melhores fotografias do cinema mundial.

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