Adhemar Gonzaga em 1930, com o intuito
de tentar industrializar a produção cinematográfica no Brasil, fundou a
Cinédia, a primeira produtora do país. O próprio Adhemar chegou a produzir
alguns filmes com a atriz e cantora Carmen Miranda, e foi um dos últimos
grandes diretores da Cinédia, Humberto Mauro, que com o filme “Ganga Bruta”,
fez algo de grande impacto no cinema brasileiro.
Basicamente a criação da Cinédia foi
uma resposta ao mercado cinematográfico da época, na década de 20, houve o crack da bolsa de Nova York e o advento
do cinema sonoro, com isso os Estados Unidos estavam mais preocupados em
fornecer entretenimento para eles mesmos do que vender esses filmes falados em
inglês para os outros países. Assim então havia uma chance para o Brasil deixar
de importar seus filmes e começar a fazer filmes com a mesma força que a
indústria americana.
O enredo do filme é um retrato das grandes
cidades na época, um homem assassina sua esposa na noite de núpcias ao
descobrir que ela já havia se deitado com outro homem, e ainda é tido como
inocente por ter alegado “defesa de honra”. Fora ter esse plano de fundo que
pode abrir discussão para o que era costume na época, nada que seja muito
marcante.
Mas se a história que o filme conta não é das
melhores, por que ele seria tão importante para o cinema brasileiro como um
todo? Por que Glauber Rocha diria que ele é “um dos vinte maiores filmes de
todos os tempos” e que Humberto Mauro era “pai do cinema brasileiro”? Bom,
antes de “Ganga Bruta”, havia uma maioria esmagadora de filmes mudos no Brasil,
porém Humberto Mauro com aquele que mais tarde seria chamado de “O Abacaxi da
Cinédia”, fez diversos experimentos com esse recém-surgido cinema sonoro. No
filme há cenas comuns do cinema mudo, com só trilha sonora de fundo, há cenas
em que há legendas, mas sem som, cenas com legendas e falas, cenas com falas
dessincronizadas, com falas sincronizadas.
Basicamente Humberto Mauro conseguiu
transformar aquilo que poderia ser um filme comum que passaria despercebido, como
por muito tempo passou, num marco para todo o cinema de um país, assim
merecendo de fato o título de “Pai do cinema brasileiro”
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