O filme
“memórias do subdesenvolvimento” é uma produção cubana de 1968, dirigido por
Tomaz Gutierres Alea. A película retrata a vida de Sergio (Sergio Corrieri) um
intelectual cubano de classe alta que decidiu ficar em seu país durante a
revolução em curso.
A
revolução cubana é o plano de fundo para todo o desenrolar da trama. O
personagem faz uma autorreflexão sobre seu papel durante esse acontecimento.
Ele encontrasse perdido no meio dessa transformação social, e não consegue
seguir sua família e seus amigos contrarrevolucionários para fora do país
devido a sua visão crítica da classe burguesa, tampouco consegue se entregar a
esse espírito revolucionário que toma conta das ruas. Sergio flutua entre esses
dois mundos, mas sempre distante, reflexivo e imparcial.
Longe
da esposa, que partiu para Miami, Sergio passa a ter fantasias com sua
arrumadeira evangélica. E, durante suas caminhadas solitárias pelas ruas ele
conhece Elena (Daisy Granados), uma jovem de dezesseis anos que não entende
nada de política, mas que consegue perceber a extrema polarização, e chama
Sergio de “nada” por ele não ter uma posição definida. Após se envolverem
sexualmente, Elena acusa Sergio de tê-la “desgraçado” e vai embora. No outro
dia ela volta mas explica que está tudo bem. Ela acredita que casará com ele.
Mas o interesse de Sergio diminui ao perceber que ela não é tão complexa quanto
ele acreditava. A cena se passa na casa do escritor americano Ernest Hemingway
(um ponto turístico em Havana), enquanto ele segura o livro “Lolita” nas mãos.
Nesse momento ele se dá conta que “sempre tentou viver ao estilo europeu, e que
Elena sempre representaria o subdesenvolvimento dos trópicos”. Depois de ter
sido abandonada por Sergio, Helena busca apoio em sua família e leva Sergio
para os tribunais.
A
virgindade é um tema tratado como uma hipocrisia diante do cenário
revolucionário e libertador. Elena se envolve com Sergio pela facilidade em se
tornar atriz devido ao seu conhecimento no meio cinematográfico, e uma das
cenas do filme faz referência a censura moralista que ocorria anteriormente.
A
mistura entre documentário e ficção está presente em todo o filme. São
utilizadas cenas documentais, recortes de jornais, mesclados com cenas
ficcionais para compor o panorama que o protagonista vive. Levando o espectador
a viver essa visão crítica e distanciada que tem o personagem.
O filme
é uma autorreflexão da revolução cubana, e apresenta uma narrativa não linear
que mistura o presente com as reminiscências de Sergio, e as transformações da
sua vida até a chegada da revolução. Como ele evoluiu de um burguês promissor
até se tornar um “nada” devido a sua incapacidade de se envolver nesse patamar
revolucionário. Em suas palavras Sergio confessa que “não se tronou maduro,
apodreceu”.
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