sábado, 4 de junho de 2016

"Macunaíma", por Igor da Silva Pessoa


 
 
Mário de Andrade, há quase cinquenta anos, escrevia Macunaíma, que passaria a ser considerado um clássico da literatura brasileira. Macunaíma, conta a história de um menino, que nasceu preto e que depois de alguns acontecimentos se torna branco, uma pessoa sem moralidade, com muita preguiça e ''esperteza'', nascido em uma selva. Quando crescido, deixa o sertão e vai para a cidade, onde se aventura em várias situações, conhecendo vários tipos de pessoas.

A crítica ao povo brasileiro, é evidente a cada instante em Macunaíma. Sendo o personagem central da trama, como um representante do povo brasileiro. Que teoricamente não teria um caráter próprio e de uma cabeça ingênua. Joaquim, traz no filme atuações caricatas e bem cômicas, criando um retrato do público criticado.

A fotografia do filme parece ter sido cara para a época, vemos muitas alegorias de cores em cada quadro. A linguagem do filme pode confundir um pouco o telespectador, mas, passado o inicio da película, você vai se familiarizando. Para a época, Macunaíma foi importantíssimo para uma renovação da linguagem escrita no Brasil. A obra fílmica consegue deixar a crítica social, mais cômica e leve para o público.

A uma certa releitura de obras clássicas do folclore nacional, que permeia todo o filme. Em vários momentos o personagem principal, interage com esses personagens folclóricos. Os acontecimentos do filme, não tem um espaço-tempo definido. O espaço é claramente o território nacional, com todas as características que as nossas terras tem. Entretanto, o tempo não fica claro.
Joaquim Pedro de Andrade tem a trabalhosa missão de adaptar a obra de Mário de Andrade. Embora deixe alguns elementos da obra, fora do filme, Joaquim resgata a essência da crítica feita pelo escritor paulista, conseguindo fazer uma releitura com um ar de modernidade a uma obra já consagrada. Tentando descontruir uma imagem criada pelo próprio povo brasileiro e ao mesmo tempo fazer uma sátira aos comportamentos e personalidades típicas das terras tupiniquins.

 
Toda essa aventura tropicalista enche os olhos, seja pelo visual que é belo, seja pela roteiro devidamente bem adaptado. Macunaíma é um dos filmes mais importantes do Cinema Novo, que se permitiu fugir dos padrões linguísticos da época. A irreverência desta obra ecoa até hoje, bravura e mérito para Joaquim de Andrade.

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