segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"A filha do engano", por Marcílio Camelo




Ficha técnica:

Título original: La Hija del Engaño

Ano: 1951

Direção: Luis Buñuel

Roteiro: Carlos Arniches (peça teatral)

Luis Alcoriza (adaptação)

Janet Alcoriza (adaptação)

Gênero: Drama

Origem: México

Duração: 78 minutos

Tipo: Longa-metragem


Elenco:

• Fernando Soler ..........Quintín Guzmán

• Alicia Caro..................Martha

• Fernando Soto.............Angelito

• Rubén Rojo.................Paco

• Nacho Contla.............Jonrón


O Filme é dirigido pelo conceituado Luis Buñuel em sua fase mexicana. É a terceira adaptação para o cinema da obra “Don Quintín El amargao” (1924), de Carlos Arniches e Antonio Estremera, e foi adaptado para o cinema pelos roteiristas Luis Alcoriza e Janet Alcoriza.

Na primeira tomada do filme somos apresentados a Don Quintín (Fernando Soler), à sua esposa e à sua filha pequena. Ele está para viajar, mas por um problema técnico do trem, é obrigado a voltar para casa. Assim, chegando de surpresa em casa, ele descobre o caso de sua mulher e do seu grande amigo. Revoltado, ele coloca a mulher para fora de casa, e a mesma revela-lhe que a filha dela não é dele. Vemos então a decadência desse homem que leva a filha para uma pequena família camponesa criar e nunca mais a vê.

Vinte anos depois, Marta (Alicia Caro), a menina abandonada, aparece levando uma vida difícil ao lado do pai alcoólatra e agressivo. Conhece então um homem que quer tirá-la daquele lugar. Ao mesmo tempo, Quíntin aparece arrependido e em busca da menina, que descobriu ser sua filha, após sua ex-mulher revelar-lhe em seu leito de morte.

Uma série de desencontros se dá de forma até um pouco irritante e propositalmente cinematográfica. Mas num clímax rápido e forçado, vemos que Don Quíntin encontra por fim sua filha, e mostra-se com humor que o homem continua amargo, porém agora mais manso.

É engraçada a forma como o filme se faz didático e claro ao longo dos planos. O rancor e a amargura do personagem principal são vistos a cada tomada, e é intensificado quando ele encontra sua filha, mas não sabe que é ela e a trata mal. Um dos personagens que ajuda o homem a procurar sua menina resume toda a trajetória de vida dele em um ditado popular, nos minutos que precedem o clímax: “Quem cultiva ventos, colhe tempestades.”

Quando o filme caminha para o clímax o espectador tem bem claro em mente que só há duas possibilidades: ou ele mata a filha por engano, ou ele vai ser feliz para sempre... Bom, tudo dava a indicar que ele mataria a garota assim como o marido dela. Mas depois de descobrir que ela é sua filha, ele caminha de volta para sua casa e reflete sobre o mal que tem feito a todos que o circundam.

Essa caminhada que nos é apresentada em pouco menos de um minuto é o que o protagonista necessita para se arrepender e nos mostrar um final feliz extremamente inverossímil e sem credibilidade alguma. Assistindo a esse final, tem-se a ligeira impressão de que se trata de um sonho do personagem. Mas aparentemente não foi.

A tomada final mostra o Quintín olhando para a câmera e dando uma lição de moral ao público, com base na sua vida. Esse é o tom do filme a cada plano, não havia necessidade de se fazer mais claro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário