Ora! Já dizia Camus, Proust, Mann e outros escritores com um talento comparável à myself (em inglês: myself). Uma vida sem eventos é uma vida vazia de memórias! Ou melhor, uma correção com o espírito ardente da encheção de linguiça já que eu poderia corrigir, editar, remendar, consertar o texto (leitores que respeitam meu intelecto incomum e identificam de bate pronto qual parte do corpo eu chamo de minduim, com certeza notaram outros artifícios deveras reptelianos que uso e abuso para atingir o limite de palavras) repleta de memórias semelhantes que entremeios as recordações adquirem um caráter único, de unidade mesmo cabras da peste! Ora! Pensem bem e filosofem comigo e com aqueles citados no início do parágrafo. Hoje eu durmo, urino, defeco, acordo, como e assisto Glee. Exatamente nesta ordem. Amanhã durmo, urino, defeco, acordo, como e assisto Glee (fingiremos que Glee passa todos os dias e não somente às quartas, sextas e domingos). Meros seis meses dessa rotina em que i never stopped believing, ao rememorar estes doces momentos, vejo-me apreciando uma memória deliciosa, um amálgama de todos estes grandes momentos, mas que por suas semelhanças adquirem uma forma que delineia um grande vaziozinho na minha mente. Com 80 anos (ou seja, amanhã se contar em idade mental) minha vida resume-se em apenas 24 horas de dormidas, urinadas, defecadas, acordadas e walking on sunshine (através dos outros) e ocasionalmente single ladies.
Tais autores viam a memória como a única maneira de viajar no tempo. Camus em Primeiro Homem, Mann em Montanha Mágica e Proust entre a ida na padaria em Um Amor de Swann e o consumo do pãozinho francês (chamado de bolinho brasileiro na frança, um sapo de boina muito articulado me disse) em A Prisioneira. Uma vida cheia de eventos diferentes era uma vida cheia! Era uma vida em que ao fechar-se os olhos adquiria-se a capacidade de reviver inúmeros momentos que tomavam formas diferentes na sua memória! É como se a vida de Glee fosse um quadrado branco. Cada memória diferente significar um quadrado com uma cor diferente. Numa vida cheia de brilho, a memória seria preenchida apenas por quadrados brancos, transformando o sulfite da minha vie num... sulfite. Já com as memórias, ruins, boas, ou cafés com leite como a produção cinematográfica nacional, o sulfite se assemelharia mais à uma pintura de Jackson Pollock, arte xoxa e enganadora mas que ainda assim é considerada arte. Mas o que isso tem a ver com o filme, señor Bruno, pergunta-me um claudicante estudante. Mas tudo, little niño ragazzo moleque! Próximo parágrafo!
Sergio, escritor vagabundis, que vive de renda, de sedução e cover de Jece Valadão, vive no marasmo da solidão auto-induzida. Em plena Cuba (Cuíca em alguma língua morta indígena) no afã das mudanças, Sergio Chulapa (e tome chulapa na Elena) como qual a besta covarde que é, escolhe a abster-se do movimento produtivo, de enterprisar sua vida. Não amigos, não virei executivo ou investidor da bolsa embora tenha jeito pra coisa, a úlcera já foi adquirida a alguns anos. Sergio é um cara que parece acreditar que no matter o que ele faça puerra neñuma aconteçerá. O filme inicia com uma de suas milhares reclamações (acostumem-se) após sua família que de besta não tem nada emigrar daquele finzinho de mundo chamado Q-Bah para a terra dos bravos e libertos. Não estou falando do senado nacional e sim dos Estados Unidos da América. Mas Sergio tem ojeriza, um verdadeiro nojinho do consumismo americano. Mas ao mesmo tempo tem ojeriza, um verdadeiro nojinho da decadência econômica, do povo pobre e de Timão e Cúba em geral. Sergio é um verdadeiro mazombo cubano. Sente saudades de Parri (ou pachorá?) como se falso eruditismo o fizesse francês. Basta não tomar banho, burro! Dá zero pra ele. Mas aí que está, Sergio, pensador unicamente com o zarolho Serginho, não toma nenhuma atitude além de ir atrás de mulher! Aí que está a surpresa secreta do filme. O Sergio é brasileiro minha gente! Tudo bate! Reclama, reclama, reclama, pega muié, reclama, reclama e nada faz! E ainda se acha o umbigo do mundo! Mais brazuca que isso só Santoro nas Panteras. Alegorias cubanas que nada, Tomás Gutiérrez a Lêndia faz uma crítica velada ao povo brasileiro pós ditadura demonstrando um poder de previsão mais acurado que o sinal da MTV!
No, no, no, no! No hablo español dirão os mais conversadores! Argumentarão que a caracterização de Sergio é uma metáfora para o papel do intelectual na revolución cubana. Oxe! Da decadência da burguesia cubana. Oxe! Do exílio em sua própria casa, em seu próprio país, motivado pelos preconceitos que chegam de mansinho com o academicismo (só não é mais furtivo que aqueles pichadores anarquistas, deem um tempo seus caras de melão!). Oxe! De um homem consumido pelas suas taras econômicas. Oxe! Vocês são tudo doidos! E ainda falta uma linha!
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