domingo, 25 de outubro de 2009

"O pântano" por Rayssa Costa


Filme de estréia da diretora Lucrecia Martel, o longa-metragem O Pântano conta uma historia irritantemente linear. O enredo se passa na cidade de La Cienaga, conhecida pelas extensões de terra alagadas com as chuvas repentinas e fortes, formando pântanos que são armadilhas para os animais da região. Perto dessa cidade fica o povoado de Rey Muerto, no qual está localizado o sítio La Mandrágora. Para ele vão duas famílias, lideradas por Mecha e Tali. Mecha é uma mulher em torno de 50 anos, que tem 4 filhos e um marido que procura ignorar bebendo cada vez mais. Já Tali é prima de Mecha e também tem 4 filhos, mas ao contrário da outra, ama seu marido e sua família. Em meio a um verão infernal, as duas famílias entram em conflitos constantes e tratam seus dilemas de uma forma um tanto igual.

De maneira deveras entediante, o filme se desenvolve lentamente e trata dos aspectos da descoberta e da tentativa de resolução de problemas. Entretanto, penso que nenhum problema foi resolvido para aquelas duas famílias e nenhuma descoberta foi suficientemente boa o bastante para alguém sair daquele caos. Por lidarem com todas as situações de forma igual, aquelas pessoas acabam se afundando mais ainda em seus dramas pessoais, o que transforma aquilo que está sendo assistido em algo parado, complexo e verdadeiramente assustador do ponto de vista interno. Não se trata uma morte do mesmo jeito que se lida com alcoolismo. Situações diferentes, sentimentos diferentes. Isso era o que deverei ocorrer.

Embora a forma como se desenrola o enredo tenha deixado a desejar, não nego a importância de algumas coisas observadas por mim no filme. A até então estreante diretora Lucrecia Martel conseguiu fazer um trabalho incrível no que diz respeito à captação de detalhes. As ações parecem estar decompostas em suas vertentes espaços-temporais de forma intensa, extrema e peculiarmente pensada. Planos coloridos, câmera na mão, profundidade de plano, efeitos de luz, cortes não usuais misturados com clássicos planos fixos: esse é o verdadeiro tom que dá beleza ao filme.

Embora os problemas não sejam tratados e resolvidos de forma concreta pelos personagens do longa-metragem, os pormenores fazem desempenham brilhantemente esse papel. É a particularidade cênica que responde as minhas perguntas, elas mostram o verdadeiro sentimento do personagem. Então, por esse fato, o filme torna-se algo bom para se ver.

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